06 maio 2012

"O Que é o Mundo? Uma Representação Minha"

"O mundo é a minha representação: eis uma verdade que vale para cada ser vivente e cognoscitivo, mesmo se somente o homem é capaz de acolhê-la na sua consciência reflexiva e abstrata; e quando ele verdadeiramente o faz, a meditação filosófica nele penetrou.

Tornar-se claro e certo para ele que não conhece nem o Sol nem a terra, mas possui um olho que vê o Sol, a mão que sente a terra; que o mundo que o circunda não existe senão como representação - vale dizer, sempre e somente em relação a um outro, àquele que o representa, que é ele mesmo.

Se alguma vez uma verdade pode ser enunciada a priori, é justamente essa: porque ela é a expressão daquela forma de toda experiência possível e imaginável, que é mais universal que todas as outras, mais que o tempo, que o espaço, que a causalidade; dado que todas estas pressupõem exatamente aquela.

E se cada uma dessas formas - que reconhecemos como tantas outras modalidades particulares do princípio da razão - vale somente para uma classe particular de representações, a divisão em objeto e sujeito, ao contrário, é forma comum de todas essas classes, é aquela única forma sob a qual qualquer representação, de qualquer natureza, seja abstrata, seja intuitiva, pura ou empírica, é possível e pensável.

Logo, nenhuma verdade é mais certa e menos necessitada de uma prova do que esta: tudo o que existe para o conhecimento - ou seja, este mundo inteiro - é somente objeto em relação ao sujeito, intuição de quem intui. Em uma outra palavra: representação."

Arthur Schopenhauer

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