16 abril 2012

Filosofias de Vida

 A cada etapa da vida do homem corresponde uma certa Filosofia. A criança apresenta-se como um realista, já que está tão convicta da existência das peras e das maçãs como da sua. 

O adolescente, perturbado por paixões interiores, tem que dar maior atenção a si mesmo, tem que se experimentar antes de experimentar as coisas, e transforma-se portanto num idealista. 

O homem adulto, pelo contrário, tem todos os motivos para ser um cético, já que é sempre útil pôr em dúvida os meios que se escolhem para atingir os objetivos.

Dito de outro modo, o adulto tem toda a vantagem em manter a flexibilidade do entendimento, antes da ação e no decurso da ação, para não ter que se arrepender posteriormente dos erros de escolha. 

Quanto ao ancião, converter-se-á necessariamente ao misticismo, porque olha à sua volta e as mais das coisas lhe parecem depender apenas do acaso: o irracional triunfa, o racional fracassa, a felicidade e a infelicidade andam a par sem se perceber porquê. 

É assim e assim foi sempre, dirá ele, e esta última etapa da vida encontra a acalmia na contemplação do que existe, do que existiu e do que virá a existir.

Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"

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